sábado, 31 de outubro de 2009

CURIOSIDADES SOBRE A ERVA-MATE

A ERVEIRA
Características Botânicas:

Seu caule, de cor acinzentada, tem em média 30 centímetros de diâmetro. Seu porte é variável e dependendo da idade pode atingir 12 metros de altura, mas geralmente quando podada não passa dos 7 metros.
As folhas, parte mais importante do vegetal, são alternadas, ovais, com bordas providas de pequenos dentes, visíveis principalmente da metade do limbo para a extremidade.
Na floração, apresenta cachos de 30 a 40 flores brancas com quatro pétalas, agrupadas em cimeiras fasciculadas nas axilas das folhas.
O fruto é uma drupa globular muito pequena, pois mede de 6 a 8 mm, de coloração verde quando novo, passando a vermelho-arroxeado em sua maturidade, Cada fruto possui quatro ou cinco sementes.
Na América do Sul existem aproximadamente 280 espécies conhecidas da família das aquifoleáceas, 60 das quais encontram-se no Brasil.
A nossa erva-mate, extraída da Ilex paraguariensis pertence à citada família. Tal classificação deve-se ao sábio naturalista Auguste de Saint'Hilaire, que de volta de sua célebre viagem à América, em 1823, apresentou longo relatório à Academia de Ciências do Instituto de França, fazendo sentir a necessidade de sua classificação botânica. A amostra para identificação foi coletada nos arredores de Curitiba, mas, segundo alguns autores, houve troca de etiquetas e a erva-mate foi identificada como Ilex paraguariensis, St. Hilaire, como sendo originária do Paraguai, nome científico pelo qual é conhecida até nossos dias.

ANÁLISE DO MATE

Pesquisas científicas recentes efetuadas pelo Laboratório Eddy de New York, determinou o seguinte teor de vitaminas, no mate:

º Vitamina A (sob forma de beta carotene) 2.200 U.I.

º Vitamina B1 57 U.I.
º Vitamina B2 (unidades) Sherman Bourquin 69g

º Vitamina C 142 U.I.

PROPRIEDADES MEDICINAIS

Apresentando as seguintes propriedades terapêuticas:

º Estimulante dos nervos e músculos.

º Diurético - favorecendo a diurese.

º Estomáquico - facilita a digestão

º Sudorífico - benéfico nas gripes e resfriados.

º A cafeína contida na erva-mate, atua em casos de cólicas renais, depressões nervosas e fadigas cerebrais em geral.

Você sabia ?. . .

A disseminação da erva-mate é "ornitócora" isto é: os pássaros alimentam-se dos pequenos frutos e depois os expelem envoltos em dejetos, o que concorre para favorecer a sua germinação.

CICLO ECONÔMICO

A erva-mate, responsável por um dos mais longos e produtivos ciclos econômicos da história paranaense, teve seu apogeu, no século XIX.

O Paraná era a quinta Comarca da Província de São Paulo, da qual dependia e sofria influência nos negócios internos. Com o advento do ciclo do mate, surgiu uma atividade com técnicas que os paulistas desconheciam, fugindo-lhes das mãos o controle da florescente indústria.

O mate foi o grande argumento de ordem econômica e o principal responsável pela Emancipação Política do Paraná, concretizada a 19 de dezembro de 1853.

No bojo da atividade ervateira, que chegou a representar 85 por cento da economia da nova província, instalaram-se indústrias: em 1853 existiam 90 engenhos de beneficiamento de mate; floresceram cidades como Guaíra, desbravada e colonizada pela Companhia Matte Laranjeira S. A., Rio Negro que abrigava uma burguesia ervateira abastada e influente e tantos outros centros urbanos que evoluíram de portos fluviais como União da Vitória, Porto Amazonas e São Mateus do Sul. Foi na esteira deste ciclo, que os transportes tiveram grande impulso: desenvolveu-se a navegação fluvial no rio Iguaçu; construiu-se a Estrada da Graciosa e a Ferrovia Curitiba-Paranaguá, concluída em tempo recorde de apenas cinco anos.

Grande ainda foi a influência da erva-mate no comportamento social da população das regiões ervateiras e de Curitiba especialmente, onde até o início da Revolução de 1930, existiam mais de uma dúzia de engenhos. Paralelo à indústria ervateira, desenvolveram-se fábricas de barricas para acondicionar o produto e suas sociedades de classe, como a Sociedade Beneficente dos Barriqueiros do Ahu e tantas outras.

Com todo este progresso econômico e social, o Paraná acabou subitamente introduzido nos tempos modernos, surgindo um certo bem-estar e confiança no futuro. Foi a erva-mate o esteio econômico do Estado, até o início da II Guerra Mundial, quando a produção começou a declinar sendo substituída por outros ciclos, que não chegaram a ter, entretanto, a ressonância e o esplendor da erva-mate.

OS CAMINHOS DO MATE

Longos e árduos foram os caminhos percorridos pela erva-mate, ajudando a escrever a história econômica e a tradição cultural do Paraná.
Ainda nos ervais, era feito o sapeco dos ramos, que em seguida eram transportados para o carijo ou barbaquá, em forma de feixes ou raídos, pesando de 60 até 150 quilos, que o ervateiro levava às costas, muitas vezes em longos percursos.
Depois da secagem definitiva a produção do mate era transportada para o litoral notadamente para Porto de Cima, por tropas de muares, para ser beneficiada nos engenhos de soque que começaram a se instalar a partir de 1820, ano em que Antonio Ricardo dos Santos estabelece o primeiro soque hidráulico, que beneficiava 120 arrobas diárias de erva.
Apesar das dificuldades para o transporte, devido às precárias vias de escoamento ao litoral, já em 1832, instala-se no planalto, o primeiro engenho de soque. Mas foi com a conclusão da Estrada da Graciosa em 1873, que a indústria ervateira teve grande impulso e Curitiba passou a ser o centro de beneficiamento.
Surgiram novos engenhos e a erva já elaborada, descia ao litoral transportada em carroções eslavos, tracionados por até quatro parelhas de cavalos.
Outros caminhos percorreu ainda a erva-mate, entre eles, o fluvial. Sendo inaugurada a navegação a vapor no rio Iguaçu em 1882 por iniciativa de Amazonas de Araújo Marcondes, a partir de então, durante 70 anos, embarcações de todos os tamanhos, navegaram pelos rios: Iguaçu, Negro, Potinga, Timbó e Canoinhas.
Os vapores maiores carregavam em média 800, e as lanchas, 300 sacos de erva-mate.
Usavam lenha como combustível e atingiam uma velocidade de 10/12 km horários rio acima e de 16/18 km rio abaixo.
Com o passar dos tempos, os meios de transporte tradicionais foram superados pela ferrovia. O trecho ligando Curitiba aos portos de Antonina e Paranaguá em breve transforma-se na principal via para o escoamento da erva-mate destinada à exportação.
Já no ano de 1826, a exportação ervateira se constituía na base de todo o comércio exterior da quinta Comarca, razão pela qual foi criada um ano depois, a Alfândega de Paranaguá. Eram inicialmente bergantins, galeras e sumacas e posteriormente navios, que partiam de Paranaguá com destino ao Rio de Janeiro, Buenos Aires, Valparaíso e Montevidéu.
No extremo oeste paranaense a Companhia Matte Laranjeira ganhou em 1882, por Decreto Imperial a concessão para exploração da erva-mate no sul do Mato Grosso. O transporte era efetuado pelo rio Paraná e para transpor as corredeiras das Sete Quedas, foi construído um ramal ferroviário entre Guaíra e Porto Mendes.

O PARANÁ E A PRODUÇÃO DE MATE

"Essa preciosa ilexinia tem sido o grande bem do Paraná.

Em verdade a erva-mate constitui a coluna de ouro da nossa riqueza econômica, dela emanam as nossas principais fontes de renda, nela assenta todo o engrandecimento e prosperidade do Paraná"

(Caetano Munhoz da Rocha - Governador do Estado do Paraná - 1920)

Esteio da nossa economia por longo período, a erva-mate é considerada a primeira atividade agroindustrial organizada do Paraná.
Mesmo deixando de ser a base da receita cambial e apesar da sua elaboração por modernas indústrias, hoje como ontem, a erva-mate passa fundamentalmente pelos mesmos processos, ou seja, ela é cancheada e beneficiada.

º Cancheamento - É o ciclo desenvolvido pelo produtor e abrange as operações de colheita, sapeco, secagem, malhação ou trituração.
º Colheita: A época da poda, regulamentada por portaria do IBDF, vai de abril a setembro de cada ano.

º Sapeco: Logo após o desbaste, as folhas são passadas rapidamente numa fogueira feita muitas vezes, ainda no erval. Tal operação destina-se a abrir os vasos aquosos das folhas, desidratando-as.

No sapeco os ramos enfolhados são submetidos à ação do fogo.

º Secagem: Pode ser feita em primitivos carijos, em barbaquás ou em aperfeiçoados secadores mecânicos e consiste na retirada da umidade da erva. O sistema mais utilizado é o uso do barbaquá, em que a erva-mate é disposta em um estrado de madeira, sobre a boca de um túnel, que conduz o calor produzido por uma fornalha, permanecendo ali por aproximadamente vinte horas, para a completa torrefação das folhas.

º Trituração: Depois de seca, a erva é levada para a cancha, plataforma circular assoalhada dotada ou não de furos, onde é triturada por um malhador (peça de madeira de forma troncônica) munido de dentes, que rola sobre a erva, movido por tração animal.

Em tempos mais remotos a malhação da erva era feita sobre um couro de boi, utilizando-se facões ou aporreadores de madeira ou de ferro.

º Beneficiamento - Passando por todo processo de cancheamento a erva-mate, está pronta para ser utilizada pelos engenhos, para sua elaboração final ou seja, a tradicional erva para chimarrão destinada ao consumo interno e para exportação, cujos dois principais mercados são Chile e Uruguai, com crescente aceitação entre os países europeus e do Oriente Médio.

O uso do chimarrão sofreu expressiva revitalização, devido à busca do naturalismo, pelo habitante da cidade grande e pelas correntes migratórias internas. Uso tradicionalmente cultivado no sul, se estendeu para o Mato Grosso, Goiás, Rondônia e outros estados.

Outra forma de beneficiamento é o do mate queimado ou tostado, considerado um produto genuinamente nosso, uma vez que sua industrialização só se processa no Paraná, sendo que a produção vem evoluindo ultimamente e hoje é apresentado ao mercado consumidor nas mais variadas e sofisticadas formas, desde a tradicional embalagem contendo as folhas trituradas e soltas; o "tea bags" - mate em saquinhos contendo doses individuais; o mate concentrado na forma líquida; o mate solúvel, os refrigerantes em cristais e o mate preparado.

FONTE: http://www.chimarrao.com.br

3 comentários:

  1. Nossa vocês criticam a matéria sem nem ter lido, ficou muito bom. Pena que eu estava procurando pela história da erva - mate no Mato Grosso do Sul, para um trabalho escolar...

    ResponderExcluir